Resenha de Halloween: O menino que desenhava monstros

by - sexta-feira, outubro 30, 2020

Já li esse livro tem um tempo, mas ele me impressionou tanto que decidi postar sobre ele mesmo que tardiamente, além dele ser uma boa opção para a uma resenha - curtinha - de Halloween.

Imagem: Darkside
Sinopse:

TODOS JÁ DESENHARAM MONSTROS NA INFÂNCIA, MAS POUCOS CONSEGUIRAM DAR VIDA A ELES

         Jack Peter é um garoto de 10 anos com síndrome de Asperger que quase se afogou no mar três anos antes. Desde então, ele só sai de casa para ir ao médico. Jack está convencido de que há de monstros embaixo de sua cama e à espreita em cada canto. Certo dia, acaba agredindo a mãe sem querer, ao achar que ela era um dos monstros que habitavam seus sonhos. Ela, por sua vez, sente cada vez mais medo do filho e tenta buscar ajuda, mas o marido acha que é só uma fase e que isso tudo vai passar.
         Não demora muito até que o pai de Jack também comece a ver coisas estranhas. Uma aparição que surge onde quer que ele olhe. Sua esposa passa a ouvir sons que vêm do oceano e parecem forçar a entrada de sua casa. Enquanto as pessoas ao redor de Jack são assombradas pelo que acham que estão vendo, os monstros que Jack desenha em seu caderno começam a se tornar reais e podem estar relacionados a grandes tragédias que ocorreram na região. Padres são chamados, histórias são contadas, janelas batem. E os monstros parecem se aproximar cada vez mais.
         Na superfície, O MENINO QUE DESENHAVA MONSTROS é uma história sobre pais fazendo o melhor para criar um filho com certo grau de autismo, mas é também uma história sobre fantasmas, monstros, mistérios e um passado ainda mais assustador. O romance de Keith Donohue é um thriller psicológico que mistura fantasia e realidade para surpreender o leitor do início ao fim ao evocar o clima das histórias de terror japonesas.
         Um livro para fazer você fechar as cortinas e conferir se não há nada embaixo da cama antes de dormir. A história ganhará uma adaptação para os cinemas, dirigida por ninguém menos que James Wan, o diretor de Jogos Mortais e Invocação do Mal.

Nós já começamos o livro sabendo que o Jack (apelidado de Jip) é um menino que desenha monstros, como o próprio título nos conta. O que não sabemos e só vamos descobrir ao longo da história é o motivo pelo qual ele começou a desenhar seus monstros. E confesso: fiquei aterrorizada com o motivo. Mesmo já tendo uma pista desde o início do livro não dá pra imaginar o quão real é aquele fato.

Mais que a história do Jack, nós vemos a luta de uma mãe para compreender os pensamentos de seu filho, suas obsessões e porque tanto medo de sair de dentro de casa após o acidente. O acidente traz a tona de forma definitiva sua Síndrome de Asperger, o que a mãe tentava negar mesmo já com todos os sinais e com o tratamento que o filho recebia.

"'Bem vindos a casa dos sonhos.'
O garoto não sabia ao certo se era uma casa 
na qual os sonhos se tornavam realidade 
ou se a casa era feita de sonhos.
Houve um tempo em que essa expressão o deixava feliz,
mas, em noites terrivelmente frias como aquela,
os sonhos se transformavam em pesadelos,
e os monstros debaixo da cama
 se agitavam na escuridão."
Prólogo (pág. 11)

Até hoje sinto angústia ao lembrar dessa história. Porque ela de fato mexe com nossa cabeça. Seja pela doença de Jip o tornar instável, seja pela relutância do pai em aceitar os esforços da esposa para entender e ajudar o filho ou até mesmo pela forma obsessiva com que a mãe tenta entender tudo que se passa na cabeça do filho. Mas uma das coisas que mais dá angústia é saber que o pobre do Nick - o amigo real do Jip - não tem sua vontade respeitada e é forçado a conviver com as mudanças de humor do amigo.

Eu não lembro de nenhum alívio cômico, nem mesmo um leve. É de fato um thiller psicológico completo com um final surpreendente.

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