Twister

by - quinta-feira, janeiro 17, 2019

“Quando eu cheguei aqui, isso era mato...” essa é uma frase que faz parte da minha vida.

E essa parte da minha história foi vivida na pré-história da internet, o que faz com que eu veja como estou ficando velha! Estamos nos anos 2000 e esse é o início da era virtual para artistas e bandas. Tudo começa a mudar a partir desses dias.

Antes de começar a contar essa história, vale lembrar que nessa época nosso acesso a internet era discado, ruim, caro e lento. Muito lento, sem contar que usar a web era deixar nossos pais sem o telefone, porque a conexão ocupava a linha. Nós usávamos o Cadê? para fazer buscas, o Google não existia no BR, o YouTube estava longe de ser uma opção então dependíamos da Mtv pra ver clipes e usávamos o ICQ ou o Mirc para conversar. Mas o ponto alto de teclar eram as salas de bate-papo do Uol! A conexão era cobrada por pulsos telefônicos, que eu não lembro mais a métrica de cobrança mentira, eu lembro só não tem importância, então nós dominávamos a internet com horários predeterminados:

- Segunda a sexta-feira: da 00h às 6h
- Sábados: a partir das 14h
- Domingos e feriados: o dia todo.

E tudo isso fazia parte de ser fã naqueles dias.

Eu não lembro como conheci e comecei a gostar do grupo Twister. O que lembro é de alguém tirar sarro da letra de 40º Graus dentro do ônibus quando eu voltava pra casa depois do colégio e aquilo ter me incomodado e chamado minha atenção. Nessa época, eu já era apaixonada por Backstreet Boys - história que está quase inteiramente contada aqui no blog, mas ainda falta uma parte para ser finalizada.

Twister era:
Sander Mecca
Gilson Campos
Luciano Lucca
Leo Richter
Alex Bandera

Foto: Cartão Postal/ Divulgação
Sei que era mais fácil ser fã do Twister porque eles eram BR. Era muito mais fácil ser fã de um artista brasileiro do que um gringo, sei que essa fase do Twister, foi uma que me afastou um pouco do BSB. A história deles não é lá muito longa e a mim essa história dentro do fandom me parece um tanto quanto confusa, imensa e muito importante porque foi uma fase que definiu muitas coisas em minha e na minha cabeça, por exemplo:

Conhecer a assessoria de imprensa e querer trabalhar com isso;
★ Ter certeza absoluta de que o dinheiro move o show business;
★ Nem toda história contada é necessariamente a história verdadeira;
★ Conhecer fã-clubes e ver que o mundo de fcs era tão fascinante quanto cheio de podridão;
★ Aprender linguagem html e a fazer sites inteiros, com a ajuda do Frontpage sem tutorial, auxílio ou curso;
★ Meus primeiros amigos virtuais pra vida toda;
★ E uma certeza para vida: nem todo fandom é igual, porque uns são muito piores!

Quando entrei nesse mundo do Twister, o grupo tinha contrato assinado com a Abril Music e era agenciado pelo Hélio Batista. Além de serem agenciados pelo Hélio, eles moravam na casa dele na região metropolitana de Campinas. Não muito tempo depois de eu entrar pro fandom eles deixaram de ser representados pelo Hélio e mudaram de empresário, mas continuaram na Abril até o final.

É importante saber que a criação do Twister foi orquestrada pelo Hélio (depois de conhecer o Sander), que se consagrou no país com o Menudo. Além do Hélio, quem ajudava com o dia a dia do grupo eram suas filhas, Juliana e Camila Batista. A Juliana acho que nem tanto, mas a Camila sim, fazia parte dessa rotina. No auge de meus 16 anos, lembro de ter ficado muito próxima a Camila, depois fiquei sem internet e fomos nos afastando aos poucos, até perdermos totalmente o contato. Como eu fiquei tão próxima a ela? Isso é algo que eu não me recordo, mas lembro que nós confiávamos muito uma na outra. Eu a considerava uma grande amiga, nós éramos realmente amigas. Sei que nos aproximamos na fase após o Twister não estar mais trabalhando com o Hélio. Saudades Camila! 🐷

A parede de meu antigo quarto
Essa é uma história confusa, que está nublada em minha mente. Tenho informações mescladas sobre essa ruptura contadas de forma oficial e também informações contadas de forma extraoficial, as quais eu nunca contei a ninguém. E não vai ser agora que eu vou entrar no mérito dessa mudança de empresário e nem da saída do Luciano com a entrada do Alex e depois com a volta do Luciano, porque eu vou misturar tudo.

Mas depois dessa mudança de empresário, as coisas mudaram bastante. O site oficial foi um dos que mais mudou e sofreu perdas, porque não contava mais com a Camila como webmaster então todo aquele conteúdo foi removido. E o site mal tinha a agenda atualizada. Aliás, agenda? O que era isso mesmo?

A Camila era - e continua sendo - muito talentosa! O site do grupo era inteiramente de criação dela, absolutamente tudo era feito por ela. O site era inteiramente criado na linguagem Flash, uma novidade para a época. Ela fazia todas as animações e desenhava os integrantes como personagens de jogos e de tudo que era possível criar com aquilo. Era realmente incrível! Eu amava aquele site! Fui ver se existe registro dele na máquina do tempo, mas infelizmente o que existe não abre. Em tempo: aprendi html nessa época, uso até hoje muito do que aprendi nesses dias. Essa parte da história vai ser importante mais à frente.

Mas voltando ao Twister...

O Twister foi de extrema importância em minha vida porque me mostrou que era possível sim conhecer seus ídolos e que eles são pessoas reais e normais. Eles foram os primeiros artistas que conheci ao decorrer da minha vida de fã. Eu os vi pessoalmente, duas únicas vezes e assisti a um único show, mas eu digo que valeu a pena. Mais detalhes sobre esses encontros na sequência.

Com essa transição de empresário, mais amizades surgiram, laços se aprofundarem e foi marcada uma data para um "Encontro de Fãs" gratuito com a banda em São Paulo, para mostrar que o grupo estava bem, tudo iria continuar numa boa e seria ainda melhor porque agora eles eram um quinteto! A data foi 28/04/2001.

Dentro desse universo, existiam grupos de fãs que eram via e-mail - um deles era de um serviço um chamado "Meus Grupos"- e existia também uma sala de bate-papo no Uol para fãs do Twister! Gente isso era o ápice dos meus finais de semana: entrar no chat e ficar lá muitas horas! Foi lá que eu conheci as lindas Lila Polese, Patrícia Layatte, Betty Ono, Tayná Jordão, Juliana Vieira e a mexicana querida Eli Orozco. Pessoas incríveis e que ainda estão presentes em minha vida de alguma forma até hoje.

Lembro que conheci a Pati no chat do Uol e foi a amizade com ela me levou para o que seria a minha primeira viagem para ver uma banda na vida! Veja bem, foi em 2001 e eu lembro bem da seguinte situação: o Backstreet Boys viria ao Brasil para fazer show em SP não muito tempo depois dessa minha viagem para ver o Twister. Lembro inclusive de ter visto passar na TV a propaganda do show do BSB em SP para a Black and Blue Tour. Mas eu não tinha condições de viajar pra ver BSB e comprar o ingresso (menos R$100,00 na época), mas o Twister era um sonho possível. Falei lá no início: era mais fácil ser fã de artista BR.

Eu e a Pati na fila pro Encontro de Fãs
Embarquei pra SP com minha mãe. Eu não trabalhava, não tinha cartão de crédito, então não me pergunte de onde eu consegui dinheiro para pagar essa viagem pra mim e pra minha mãe pra um final de semana em SP. Aliás tudo que foi vivido nessa época é bem complexo pra atualidade: porque a gente conhecia as pessoas e acreditava no que elas nos falavam mais do que ver o que elas faziam, porque afinal de contas a tecnologia não era lá tão acessível como hoje. Fomos pra SP e a Pati foi nos buscar na rodoviária, como a gente de fato se achou eu não lembro porque fotos naqueles dias não eram assim lá tão fáceis de serem trocadas.

Mas a viagem deu certo. Lembro que chegamos na sexta a tarde e à noite, fomos pro aeroporto porque os meninos estavam voltando de algum lugar e iriam desembarcar em Congonhas. Fomos pra lá e já tinha um grupo de fãs na espera. Lembro de ter conseguido falar com todos eles, de abraçar, de tirar foto... De sair falando o quanto eles eram incríveis, lindos, cheirosos, educados... Como em todo fandom, tem aqueles fãs que já são conhecidas pelos artistas e eu estava com pessoas que eram conhecidas deles! E uma grande verdade para esses dias: a gente tirava as fotos e cruzava o dedo pra ela ter dado certo. Além de cruzar os dedos novamente para que o filme não desse problema na hora da revelação. As fotos? Então como se pode ver não ficaram boas e eu nada pude fazer.

Foto: Arquivo pessoal
Mas eu saí de lá nas nuvens. Completamente realizada e ainda mais apaixonada, se é que era possível se apaixonar mais. Esse foi meu primeiro encontro com eles. Eu não passei mal, não surtei, não gritei, não chorei, não desmaiei... E essa é uma premissa que levei pra minha vida, para todos os outros encontros com meus ídolos.

No dia seguinte rolou o encontro de fãs. Antes do show tinha o famoso meet and greet - que eu não fazia ideia da existência naqueles dias. Eu acho que ninguém esperava que teria tanta gente - ou sim, só eu não fazia ideia - ou a deixamos pra ir muito tarde pro lugar, só sei que ficamos um bom tempo na fila e no show ficamos em um lugar bem ruim. Show do qual aliás, eu não lembro nada! Nada mesmo. E pra constar: foi o primeiro show que assisti na minha vida! A foto abaixo é uma das únicas que se salvaram e dá pra ver quem está no palco. Mas só descobri dias depois que as minhas fotos não ficaram lá tão maravilhosas assim. Obrigada tecnologia por ter evoluído e permitido que hoje seja possível ter fotos decentes!
Foto: Arquivo pessoal
Depois disso as coisas ficaram mais intensas. Fundei o FC Oficial Twister Animal, ele era oficializado e eu lembro de ligar muitas vezes para a central de FCs em busca de novidades e pra saber a agenda de shows.

Resolvi fazer a minha parte. Meti a cara, comecei do zero, mas eu consegui aprender como se fazia um site!
Print da página inicial do meu site

Quando eu tomei essa decisão, existia um fã site que usava como referência – o Nação Twister – e eu falei a mim mesma que eu faria melhor. O site na época era da Priscila, ela era daquela parte do fandom que de tão conhecida se torna amiga. E posteriormente foi trabalhar na Central de FCs do Twister junto com a Lauanda e/ ou a Solange. Não lembro a época de cada uma delas na Central, mas sei que as três citadas trabalharam lá e eu não faço ideia do rumo que tomaram depois do Twister.

Aprendi e fiz aquele que seria o site citado como referência pelo Sander em um bate-papo com vídeo, ao vivo, no site do Uol "tem mais coisas que o nosso próprio site" foi dito por ele. Eu sempre tive o complexo de "ninguém sabe que eu existo ou quem sou", sou assim até hoje, até que boom acontece algo me prova o contrário, me joga na cara que estou errada e que faço algo com reconhecimento. E sim, eu sou assim até hoje, quem me conhece sabe disso. Esse dia foi épico, foi o dia em que eu tive certeza de que estava no caminho certo e que a minha meta havia sido atingida: eu tinha um site maravilhoso!

O meu site só não era ainda melhor - na minha cabeça - porque eu não morava em SP. E esse detalhe fazia toda a diferença. Como eu não era de SP, eu dependia de outras pessoas para conseguir as fotos dos eventos que o grupo fazia. Essas fotos eram cedidas a mim quase que em totalidade pela Evellyn Cristina. O meu site era o Twister Animal BR. E Evellyn assumiu o site que era então mantido pela Priscila - eu não lembro como ele mudou de dona, se a Evellyn comprou ou outra pessoa o fez, mas passou pra ela cuidar.

Foto: Arquivo pessoal
O meu site era o Twister Animal BR, em referência a uma música do próprio grupo. Eu lembro que quando o Twister chegou ao fim, eu estava no meio do projeto Twister Animal MX, porque com o sucesso do grupo no México o número de acessos do país era alto e eu queria atender aquela parcela do público que não era fluente em português - e os tradutores online naquela época era realmente muito precários.

Eu posso dizer com orgulho que: eu fui grande nessa época da internet.

Eu não morava em SP ou no RJ, que eram sempre as cidades que rolavam shows e eventos, mas minhas amigas moravam e elas me representavam! Eu mandava presentes que eram entregues. Eu recebia fotos e autógrafos. Eu existia na vida deles mesmo sem estar lá. Eu, Tay e Eve além do amor ao grupo ainda dividíamos o amor pelo Gilson. Então a gente era ainda mais unida por esse vínculo. Tanto que criamos um site dedicado a ele. Era o Anjo Gilson. E mais uma vez a Camila ajudou nisso, porque ela fez a animação que era a página inicial desse site.

A vida naqueles dias era em função deles. Lembro que comecei a trabalhar em 2002 e fazia as coisas online do escritório. Foi nessa época também que os blogs viraram moda e eu criei o meu primeiro. Eu já resgatei muita coisa dessa época e coloquei online novamente por aqui, mas ainda existe muita coisa pra trazer de volta a vida - algumas nem são assim tão legais ou importantes, mas eu vou repostar tudo que for possível, porque muito se perdeu.

O Twister fez muito sucesso no México no final de 2001 e 2002. Tínhamos muito mais informação e notícias com relação ao grupo vindos do México do que no Brasil. Isso nos fez criar laços com as fãs da Cidade do México. Inclusive a Eli - que eu citei lá em cima - era a pessoa que nos fornecia muito material. Ela inclusive nos enviava via Correios material físico - singles, fotos, revistas e jornais. A Eli é até hoje uma das maiores fãs que existem no mundo. E eu digo isso porque ela é fã de verdade de muita gente. Ela conhece seus ídolos e representa muito bem o que é ser fã pra mim: acreditar em um trabalho e prestigiar quem o faz.

O Twister lançou seu último disco em 2002, Mochila e Guitarra no Avião. Foi um disco que não foi muito trabalhado e teve apenas dois clipes lançados. A banda acabou sem muitas - ou nenhuma - explicação em 2003. Tenho pra mim que foi em março de 2003, mas eu não lembro e não achei nada registrado. Ainda nesse ano, Sander foi preso acusado de tráfico de drogas, e eu tenho guardada uma carta que recebi dele dessa época em que esteve preso.

Cada um deles seguiu seu caminho. E eu confesso que não acompanho o que eles têm feito depois do fim do Twister. Mas sei que Sander saiu da prisão em 2005.

Mantive as amizades e as lembranças. Ainda tenho os meus cds, pôsteres, revistas, fotos e autógrafos guardados. E fico feliz por poder ouvir as músicas com a frequência desejada graças ao Spotify.

Em 2012, voltei a ter contato com o Leo. Pois ele fez parte do meu TCC. Pra ler a matéria que fiz com ele, você pode acessar a revista clicando aqui, a matéria está nas páginas 36 e 37.

Foto: Revista Digital No Eixo - Novembro 2011/ Talita Lima

Nós vamos estar juntos, 
Não importa quando ou onde for...

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