Bodyguard e Homecoming

by - segunda-feira, janeiro 07, 2019

Assisti as duas séries nesse final de semana. São relativamente curtas o que facilita muito a vida dos viciados em séries. A relação que as aproxima é trabalharem o Transtorno de Estresse Pós-traumático de resto tudo se difere: história, ambientação, fotografia e direção.

Quem deu as dicas dessas séries foi o Michel Arouca, nesse vídeo aqui o SM Play do Série Maníacos há algumas semanas. Falta assistir You - que eu já queria ter visto conforme os episódios eram lançados, mas não consegui.

Acho importante citar que: eu não sou especialista. Meus conhecimentos são básicos, porque eu tive uma cadeira de Cinema na faculdade e fiz um curso Cinema Cubano (amo forte) em 2012, então o que será dito aqui não é baseado em meus estudos e sim apenas as minhas opiniões e meus pontos de vista para as séries. Eu gosto muito de assistir séries e ler, mas tenho uma trava para escrever sobre ambos, então vou começar a fazer mais isso para ver se eu consigo me libertar desse bloqueio.

Na sexta-feira, eu queria assistir Homecoming porque já sabia que ela era rápida - 10 episódios curtos com cerca de meia hora cada - mas acabei me confundido e comecei a ver Bodyguard na Netflix. Me confundi sem explicação alguma porque ambas são de plataformas diferentes.

Bodyguard - BBC/ Netflix
Após ajudar a evitar um ataque terrorista, um veterano de guerra recebe a missão de proteger a ministra que foi uma das responsáveis pelo conflito em que ele lutou. 

Foto: BBC.co.uk
A série tem apenas 6 episódios, com cerca de 1h de duração. Comecei as 20h e fui dormir as 4h da manhã porque eu simplesmente não consegui parar de ver. Bodyguard - ou se preferir Segurança em Jogo no Brasil - é uma produção da BBC de Londres e tem sua ambientação no Reino Unido.

Como atores principais temos Keeley Hawes no papel da Ministra Julia Montague e o veterano David Budd protagonizado por Richard Madden que prova ao mundo que é um excelente ator - sim, eu sei a gente o ama desde que o vimos sendo Robb Stark - e sua atuação foi tão maravilhosa, que ela lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator em Série Dramática no Globo de Ouro.

A missão de Budd é proteger Julia, mas ele não concorda com os posicionamentos políticos dela e isso fica claro desde o início e isso é um ponto de tensão entre a dupla. 

- Não preciso que vote em mim, mas que me proteja.
- Fique tranquila, senhora. Farei o que for preciso.

Como o trailer (abaixo) já mostra, vemos David passar de soldado para um policial que consegue evitar um atentando terrorista e é promovido para ser o chefe de segurança da ministra de estado que tem um posicionamento controlador e combativo ao crime de todos os tipos, além de ter o anseio de crescer ainda mais no cenário político.

A história te envolve, dá pra perceber que David tem traumas, tem dificuldade para lidar com algumas situações, mas isso o atinge na vida pessoal, na profissional ele sempre está muito bem, porém a origem do trauma nunca é mostrada. Também vemos Budd realmente faz o que é preciso para proteger Julia, sem medir esforços, mesmo que ele não confie nela porque além de tudo conseguem colocar uma pulga atrás da orelha dele, mas fica claro que a confiança no quesito pessoal não é seu forte.

A série mostra os conflitos políticos, as negociações e disputas entre os chefes das forças de segurança no meio de um cenário que está aterrorizado com a possibilidade de sofrerem atentados terroristas em locais públicos ou contra políticos. Mostra também o poder nas mãos das mulheres, porque elas são maioria nessas posições no cenário apresentado. Sem contar que o final é um tapa na cara da sociedade "que apenas me vê como mais uma mulher frágil e submetida ao homem".

A fotografia não é acolhedora, a série tem um tom gelado principalmente em ambientes abertos - o que acredito que seja realmente reflexo de onde a série é ambientada. A série se passa no tempo presente, sem flashbacks temporais.


Particularmente, gostei muito da série. Tem início, meio e fim, o que pra mim é considerado uma minissérie. Ela realmente me prendeu do início ao fim, dormi pouco, mas fiquei bem satisfeita com o resultado final. Ainda não se sabe se terá continuação, se não tiver basta saber que ela não deixou pontas soltas e a história está contada por completa. E a atuação do Richard é realmente incrível.

Homecoming - Amazon Prime Video

Foto: Amazon Prime Video
Um pouco mais complexa para conseguir assistir já que nem todos tem acesso a plataforma mesmo que ela seja mais barata que a Netflix - e vale lembrar que eles também te dão a chance de testar gratuitamente o serviço antes de assinar.

Como já mencionei, a série tem 10 episódios com cerca de meia hora cada, ou seja: em uma tarde você assiste facilmente. Antes mesmo de saber o tema da série ela tinha se tornado interessante por ser dirigida pelo genial Sam Esmail (de Mr. Robot ) e a volta - e estreia em série - da maravilhosa Julia Roberts.

Homecomig é o nome do local na Flórida que também dá nome a um projeto para a recuperação e ressocialização de soldados após a guerra. Julia Roberts é Heidi Bergman uma assistente social que atua como uma espécie de terapeuta e que trabalha diretamente com os soldados dentro do programa. O soldado principal da história é Walter Cruz (Stephan James que foi indicado ao Globo de Ouro pelo papel na série).

A ideia de cuidar dos soldados antes deles voltarem pra casa parece maravilhosa, eles a vendem de forma simples e é apresentada como se os soldados tivessem decidido participar daquilo. O tempo do programa é de 6 semanas, após esse tempo, eles "serão enviados de volta para casa para que possam viver como civis". A convivência de Heidi e Walter começa a se aprofundar, o que começa a criar questionamentos e além de despertar a ira do chefe dela Colin Belfast (interpretado por Bobby Cannavale).

A série tem duas linhas temporais distintas o presente e o passado. Quando a série começa o projeto Homecoming já foi descontinuado e a gente fica confuso ao tentar entender a Julia e sua vida atualmente durante um tempo. É muito difícil saber como ela foi acabar sendo uma garçonete de uma lanchonete na beira de um cais. O tempo presente é apresentado em um formato de tela menor (4:3) e o tempo passado em tela cheia, o que já foge do comum - marca registrada de Sam Esmail. A alternância entre as linhas temporais traz a sensação de sufocamento, de encurtamento e quando voltamos ao passado parece que somos libertados do sofrimento.

Gosto da fotografia, acho linda e limpa. Os takes finais são belos e pra mim, mais uma coisa que só poderia aparecer em uma direção e da cabeça do Sam. As imagens parecem ser tratadas para que sejam levemente apagadas. Eu amei os takes do pássaro que se torna tão importante no decorrer da história.

Uma surpresa agradável é a participação da Sissy Spacek (como Ellen Bergman, mãe da Heidi). A Sissy além de uma excelente atriz é uma fofa. Agora, confesso que odiei ver o Cannavale, eu não gosto dele, acho ele insuportável - o papel lhe cai muito bem por sinal - pra mim ele torna a série bem chata, ainda mais que o personagem é importante e isso o faz aparece a todo tempo. Eu o acho igualmente chato em Mr. Robot e o achei ainda mais insuportável em Vinyl - a série promissora da HBO que foi um fiasco.



Se fosse escolher apenas uma delas, seria Bodyguard.

Ps: fui rever o vídeo do SM Play depois de escrever essas resenhas e as opiniões sobre as séries são bem semelhantes, mas eu realmente não lembrava do que o Michel tinha apontado no vídeo, só tinha em mente que as indicações eram dele.

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